Sexta 21/10 | Torre Sul | Noite | RP ABERTA

As estrelas pareciam levemente ganhar vida, as constelações eram agora ilustrações animadas. Estar no ponto mais alto do castelo, com todo aquele vento passando por seus cabelos a fazia sentir como se estivesse voando, mesmo deitada, voando sobre uma vassoura que passeia por entre as nuvens e estrelas.

Mas de repente, quando ia se sentar na lua, uma voz a levou de volta a Torre Sul. Não era agradável ser interrompida dessa forma, mas não podia deixar de sorrir. Tomando mais um gole da vitória virou a cabeça para identificar o dono da voz que lhe chamara a atenção. Deparou-se com seu primo Kurt, por um instante pensou na Maria entre seu indicador e polegar direito e na garrafa de vitória ao seu lado.

De duas, uma. Ele ficaria bravo, ou por ela estar quebrando as regras bebendo bebida alcoólica e fumando, ou por não ter convidado ele. Fazer de conta que a vodca era suco de abóbora e tentar esconder o back não ia funcionar, ele provavelmente já os teria notado. Portanto, não lhe restava outra opção se não convidá-lo a se juntar a ela, se fosse a segunda opção que o deixaria bravo, ela ainda conseguiria reverter a situação.

- Boa noite Kurt. Aceita? Não se preocupa, já está na metade, mas tenho mais se você quiser.

Disse estendendo o back ao primo e apontando a garrafa de vodca. Ele não era o primo com quem mais tinha amizade, mas também não era como o Carl, que tanto desprezava e fazia questão de deixar isso sempre bem claro quando via o primo viadinho.

De todos os primos, Mica costumava pensar que Kurt era o mais velho e mais esperto. Mas diante da atual circunstancia, só podia concluir que ele era o primo mais velho e mais idiota. Uma pessoa tem que ser bem pouco esperta para achar que pode enganá-la colocando o back na boca e engasgando sem nem ao menos tragar direito. A Von Kurz riu disfarçadamente da inexperiência do primo.

Ele a chamara de perdedora entre uma tosse e outra, vai saber o que ele entende por perdedora né. Pois diante da concepção de Mica sobre perdedores, ela não se encaixava nem um pouco nessa categoria. De qual quer forma ficou bastante curiosa para saber o quão perdedor ele era, tentando se fazer de forte, seria divertido derrubá-lo. Após a desastrosa tentativa dele de fumar, Mica empurrou a garrafa de vodca.

- Acha que aguenta a vodca também? - desafiou-o, observou enquanto ele pegava a garrafa e não piscou os olhos enquanto ele bebia, queria ter certeza de que ele não iria apenas fazer de conta que estava bebendo. Depois pegou a Maria de volta e a segurou entre o indicador e polegar da mão direita, mostrando ao primo como devia se fazer - Você precisa segurar mais Kurt, está vendo? - levou o back a boca, tragou uma, duas e três vezes, ainda segurando toda a fumaça dentro do pulmão e disse segurando o ar para não soltar tudo - Vê? Segura o máximo que puder e depois solta. Toma, tenta de novo

Após alguns segundos soltar a fumaça branca pela boca enquanto pensava em uma resposta para a pergunta dele. Afinal, o que a levara ai essa Torre Mica? O que exatamente você faz aqui a essa hora?

- Kurt, eu não preciso de motivos para vagar pelos corredores a noite fumando e bebendo, nem posso me lembrar como cheguei aqui se quer saber. Mas o fato é que eu estava aqui primeiro, então eu é que pergunto o motivo da sua presença, o que faz aqui a essa hora? Não acredito que tenha me encontrado e ficado aqui para aprender a fumar, beber e ter como companhia a minha agradável pessoa, portanto se tem algo a me dizer, fala logo!

A bebida já estava fazendo efeito, mas Kurt não bastava ser chato, ele tinha que transmitir seu tédio para todos em volta. Ele gostava tanto de Micaela quanto do cheiro de bosta de trago, e não fazia muito esforço para esconder isso. Mas o que despertara a curiosidade de Mica era por que ele estava ali, se fazendo de "amigo", mas ele, como sempre, deu voltas no assunto e não respondeu o que ela perguntara, ele teria ou não algo pra falar pra ela? A Von Kurz preferiu não insistir no assunto e apenas imitou suas última palavras em tom de deboche.

- Não é porque chegou primeiro, que pode fazer bem o que quer... - tomou mais um gole de vodca e tornou a falar - Kurt você foi atingido por alguma maldição de babaca ou nasceu chato assim mesmo?

Mas antes que o primo pudesse revidar o insulto, Mica encarou seu rosto e o notou apreensivo. Kurt arqueou as sobrancelhas de forma a se comunicar em silêncio, tentando dizer alguma coisa a Mica. Entendo que havia alguma coisa de errado, Mica silenciou por um momento, como se fosse apenas beber mais vodca, mas na verdade estava apurando mais os ouvidos, tentando perceber alguma presença alheia.

Soube de imediato o que Kurt estava tentando lhe dizer, alguém se aproximava e sabia que eles estavam ali. A ideia de ser algum professor passou pela cabeça da garota, e sentiu pesar por ter que levar outra detenção, em dois dias seguidos. E se fosse mesmo algum professor, seria culpa do Kurt, aquele maldito barulhento que só estava ali chamando a atenção e colocando-a em apuros. Encarou com raiva o primo por um momento, mas pensou também na possibilidade de ser apenas um intruso, afinal se fosse algum professor não chegaria sorrateiramente dessa forma.

Mica sacou a varinha em um piscar de olhos e se pôs de pé. De forma não verbal, lançou um lumos diretamente no rosto da recém chegada, e se sentiu aliviada por ser apenas sua prima Catherine.

- Garota, você está louca? Da próxima vez será crucio e não lumos.

Disse Mica rindo e cumprimentando a prima com um beijo no rosto, rapidamente estendendo para ela também a garrafa de vodca. Micaela como sempre prestativa e gentil.

Catherine se desculpou ao percebeu que havia assustado os primos, o breve momento de tensão já passara, mas Kurt ainda encarava a recém chegada com cara de pasmo. Cath parecia realmente com sede ao beber a vodca, mas talvez não tenha completado seu apetite, pois Mica foi rápida em recuperar a garrafa e finalizar o líquido. Os últimos goles são sempre os mais saborosos e triste, enquanto Katherine insinuava que a prima estava levando Kurt para o mal caminho, essa se lamentava no chão pela vodca ter acabado.

- Essa é uma das minhas últimas garrafas, meu estoque escolar secreto de bebidas desse semestre está acabando, receio que acabe antes do natal. - Micaela fazia uma espécie de calculo mental, desejando poder multiplicar sua adega particular escondida no malão - Que isso Kath, com tantas pessoas amigáveis e agradáveis por ai, por que eu convidaria Kurt para beber comigo? Ele está aqui por que quer, alem disso é bem grandinho para ir pro mau caminho sozinho..

Mas isso bem que era verdade, de todas as pessoas no mundo, Kurt seria a última com quem pensaria em se divertir. Katherine juntou-se aos primos se sentando também no chão, o céu atraiu suas atenções, mas Kurt ainda agia de forma estranha.

- Relaxa primo, até os mais certinhos tem seus momentos de “loucura e rebeldia" - disse Katherine.

- Acho que tem alguém bêbado aqui, né Kurt? - disse Mica, se lamentando pela vodca desperdiçada com ele, primo intrometido e folgado.

A tristeza pela vodca ter acabado deu lugar a curiosidade e leve excitação por tramoias quando a prima comentou que uma nova aluna estava sendo transferida para o Instituto. A animação pela oportunidade de causar a infelicidade alheia ficou evidente.

- Serio? Que interessante, o que mais sabe sobre a aluna nova? O que vamos preparar para as boas vindas prima querida?

Disse Micaela Von Kurz, com seu sorriso mais ironicamente atencioso, já confabulando em sua mente perversa o que iriam aprontar.